Quando o assunto é Covid-19, muitas são as dúvidas sobre o futuro. Atualmente, uma das maiores esperanças mundiais para que os avanços da doença sejam contidos em larga escala, certamente, é uma política de vacinação global e eficaz.
Todo mundo se pergunta: quando teremos, enfim, uma vacina? Apesar da grande preocupação nesse momento seja proteger os idosos e as pessoas que encontram-se dentro do grupo de risco para a doença, quem tem filhos também deve estar se questionando sobre quando chegará a hora de vacinar as crianças.
Pelo menos três vacinas têm alto potencial para serem distribuídas em um futuro próximo, o que depende da conclusão total de testes clínicos, em andamento há meses, e das regulamentações governamentais de cada país.
Você já deve ter percebido que quando o assunto é a vacinação contra a Covid-19, pouco se fala sobre a imunização das crianças frente à doença, ou até mesmo sobre o fato da população infantil e adolescente fazer ou não parte dos grupos prioritários de testes. Não colocar as crianças como foco para conter a doença tem um motivo e, ao contrário do que alguns possam pensar, não é sinônimo de irresponsabilidade.
Muito pelo contrário. O que acontece é que a população pediátrica não tem sido estudada, porque não é o público-alvo num primeiro momento. “Todos os estudos recentes vêm apontando que as crianças não adoecem de forma grave, se infectam menos, transmitem menos e, consequentemente, elas não são os grupos prioritários a serem vacinados. Não há por que, em uma situação de emergência, você estudar e querer licenciar um produto justamente na população que não deve ser vacinada a princípio”, explica Renato Kfouri, presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
Na opinião de muitos especialistas a vacinação infantil contra a Covid-19 deve ser uma das últimas na fila de prioridade, já que elas adoecem menos, transmitem menos a doença, costumam ser infectadas pelos próprios adultos dentro de casa e, ainda, são um grupo com taxas de letalidade e internação bastante baixas.
Não se sabe quando as crianças serão de fato imunizadas contra o coronavírus, e é certo que isso não irá ocorrer a curto e médio prazo: quando dispusermos de um número de vacinas suficiente para cobrir crianças e adolescentes, há grandes chances de a pandemia já ter sido controlada.
É preciso, então, priorizar os grupos de risco: idosos, profissionais de saúde, de segurança, portadores de doenças crônicas e outras comorbidades, professores e aqueles que trabalham em contato íntimo com a população. Só após todos terem sido vacinados é que se pode começar a pensar na vacinação infantil.
O plano de vacinação pública que irá entrar em vigor no Brasil, bem como a estratégia a ser estabelecida e a duração da campanha, são parte do chamado Programa Nacional de Imunização (PNI), que deve ser anunciado e entregue pelo Ministério da Saúde em breve.
O Instituto Butantan, que coordena o estudo clínico de fase 3 da CoronaVac – produzida pela Sinovac em parceria com a China – informou que esta etapa do estudo, no Brasil, contempla apenas maiores de 18 anos.
Já em território chinês, crianças e adolescentes entre 3 e 17 anos entraram nos grupos aprovados para ensaios clínicos, que devem começar em breve. Neles, dosagens baixas e médias da vacina, com duas doses programadas em intervalos de 28 dias, serão adaptadas. Com a aprovação da Anvisa, os testes envolvendo crianças e adolescentes também poderão ser feitos no Brasil, mas ainda não há uma data de previsão para que isso aconteça.
A farmacêutica Pfizer, que está desenvolvendo uma vacina em parceria com a empresa alemã de biotecnologia BioNTech, informou a ausência de um porta-voz para falar com a imprensa sobre o tema da imunização de crianças e adolescentes.
Em comunicado mais recente, a empresa disse que irá trabalhar em parceria com a Anvisa para fornecer todos os dados necessários para avaliação da vacina no Brasil, e garantiu que o pedido de aprovação do registro dependerá da submissão de dados de eficácia de segurança, que deverão ser considerados aceitáveis pela agência reguladora.
Robert Frank, diretor do Centro de Pesquisa de Vacinas do Hospital Infantil de Cincinatti (EUA), disse em outubro passado, em entrevista para a CNN Brasil, que naquele mês uma equipe do hospital começaria a testar o imunizante em adolescentes de 16 e 17 anos, além de inscrever jovens de 12 a 15 anos para testes posteriores.
Já a Unifesp, que coordena o estudo clínico da vacina elaborada pela universidade de Oxford e o conglomerado farmacêutico AstraZeneca no Brasil, informou que o recrutamento para a participação de voluntários brasileiros exigiu idade mínima de 18 anos.
É sabido que, em maio deste ano, idosos e crianças de 5 a 12 anos foram incluídos nos testes de fase 2 da vacina, apenas no Reino Unido. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que produzirá a vacina de Oxford a nível nacional, disse não estar envolvida nos testes da vacina.
Com o aumento dos casos no Brasil neste fim de ano, e como vimos, ainda poucos estudos relacionados às crianças, cabe aos pais estarem atentos a cada nova notícia e torcer para que a vacina seja logo realidade no mundo todo.
Fonte: Bebê/Abril