A importância de cuidar das crianças no presente para que tenham condições básicas de se desenvolver em adultos saudáveis
No mês de setembro muito se fala sobre saúde mental, devido à campanha Setembro Amarelo, que surgiu para conscientizar e alertar as pessoas sobre o suicídio.
É comum as pessoas passarem a se preocupar com a saúde mental na fase adulta e pouco se fala sobre a importância do cuidado com o emocional ainda na infância.
Neste período que estamos vivendo, em que mudou totalmente a rotina das pessoas devido à pandemia, a saúde mental está ainda mais em evidência.
O fato de estarmos vivendo meses em isolamento social pode sim, influenciar, e muito, no emocional das crianças. Basta observar as mudanças repentinas de comportamento dos pequenos.
De acordo com a Diretora Clínica do Instituto Viva Infância, Claudia Mascarenhas, é necessário ficar alerta aos níveis de estresse que as crianças estão expostas durante à pandemia, por ser uma situação aguda, repetitiva e prolongada, que segundo ela, pode inclusive “saturar o cérebro da criança e interromper o seu desenvolvimento, sobretudo nos anos constitutivos”.
Claudia pontua que, “ diante da incerteza desses tempos que estão muito longos para uma criança, os níveis de ansiedade e angústia na infância têm aumentado. Ao perceber a insegurança, a desestabilidade, a falta de perspectiva de quando a situação volta minimamente à normalidade, além da restrição das relações interpessoais da criança com as pessoas de quem ela gosta – não poder ver os colegas, não poder estar com os avós – são fatores impactantes que podem lhes provocar reações sintomáticas. Cada criança vai vivenciar essa situação de modo distinto”, destaca.
Para ajudar a atravessar esse período com um pouco mais de leveza, é importante dar atenção ao espaço que a brincadeira ocupa no dia a dia da criança. Considerado um direito fundamental, o ato de brincar contribui para o seu desenvolvimento integral saudável, fortalece as competências essenciais para a vida e reduz as fontes de estresse. “O brincar é promoção de saúde mental e do sustento emocional que uma criança tem para elaborar o mundo e enfrentar dificuldades”, afirma Claudia.
Para Janine Dodge, presidente da Associação Brasileira pelo Direito de Brincar e à Cultura, o ato de brincar é geralmente associado à diversão e à liberdade da infância, mas não costuma ser reconhecido por sua utilidade. “O brincar é útil para que a criança consiga expressar com segurança suas emoções, seus processos íntimos, seus desejos, inclusive sendo capaz de dar apoio a relacionamentos responsivos”, pontua. A sua importância também diz respeito ao fato de tratar-se de um comportamento liderado pela criança, cujo valor é avaliado por ela, com mínima interferência do adulto, pontua Janine.
O excesso de atividades entra nisso que chamamos de adultificação de crianças, ou seja, crianças tratadas como adultos. Não é o excesso em si que caracteriza o estresse tóxico, mas o nível de resposta da criança em relação a essa espécie de violência sobre a sua infância, sujeitando-a a consequências prejudiciais quando a experiência lhe exige mais do que é capaz de suportar e seja adequado para ela. “Ledo engano achar que ela se desenvolverá mais. Crianças precisam descansar depois de estudar”, reforça Claudia.
Fonte: Portal Lunetas