Todo mundo fica triste, até as crianças. Ninguém é feliz o tempo todo. A vida nos leva a circunstâncias imprevistas, uma perda de alguém querido, de um animal de estimação. Nesta semana que celebramos o Dia de Finados, o sentimento de tristeza pode se fazer presente, já que a data é um momento de lembrar de pessoas que já partiram.
A tristeza nas crianças também pode acontecer, e elas podem não saber lidar com esse sentimento. Por isso, devemos estar presentes quando elas precisam de nós. Educá-las para ter consciência e controle emocional é a chave para que, então, sejam capazes de expressar o que sentem.
Assim como o medo, a alegria ou a raiva, saber canalizar o desânimo é algo que deveria ser ensinado a nós desde pequenos.
A tristeza nas crianças, assim como nos adultos, é uma emoção essencial e necessária. Sem ela, não poderíamos ter ideia do que é a alegria.
Apesar de durante a vida adulta ser mais comum sentir essa emoção devido às dificuldades que enfrentamos, nas crianças isso não acontece com tanta frequência. É raro encontrar um pequeno de 5 anos sentado em um banco sozinho, com o olhar perdido ou imerso em sua vida interior. Supõe-se que a sua inocência, a sua precária maturidade intelectual e as suas preocupações, unicamente lúdicas, deveriam garantir-lhe uma alegria inquebrável. Mas pode não ser assim.
Isso não quer dizer que as crianças não tenham o direito de sentir-se mal. Sim, elas o têm, e de fato, isso é mais comum do que imaginamos; conveniente em certos momentos e inevitável em muitos outros casos. Por exemplo, elas podem se sentir melancólicas pela mudança de colégio, por um pequeno desentendimento com algum colega, uma perda.
Por isso, a melhor maneira de ajudá-las é conversando com elas sobre a tristeza, ensinando a identificá-la e a entendê-la. É necessário fazê-las ver que é preferível reconhecer que esconder. Que todos nós nos sentimos assim alguma vez e que é bom abraçar essa emoção para acalmá-la e deixá-la ir embora.
Assim como as pessoas adultas, os pequenos também podem expressar seu estado emocional de diferentes maneiras. Quando se divertem e estão felizes é normal que riam, brinquem e pareçam muito alegres. Quando têm medo, costumam permanecer imóveis e calados até passar o susto. Mas quando estão tristes, a maneira que têm de manifestar essa emoção não é tão clara.
Às vezes, podem chegar a ter comportamentos opostos em um mesmo dia que mascaram seu verdadeiro estado de ânimo. Vejamos exemplos de como a tristeza se manifesta nas crianças:
Hipoatividade: ficam para baixo, apáticos, indiferentes, falam pouco, sem apetite, dormem muito… Costumam chorar frequentemente, inclusive quando não existe uma causa clara.
Hiperatividade: comem em excesso, ficam ansiosos, não querem dormir, ficam muito falantes…
Assim, para poder detectar quando a tristeza os domina, é importante estar especialmente atentos às mudanças em seu comportamento e em seu estado emocional.
Uma vez que detectamos uma conduta não usual ou excessiva no pequeno, é bom perguntar-lhe por que ele está assim. Seguramente ele não saberá dizer ou, simplesmente, não vai querer e vai preferir se fechar. Mas já sabemos que as crianças, durante as suas primeiras etapas de desenvolvimento, são como esponjas.
Os filhos aprendem com as expressões emocionais dos pais, pois estes são a sua referência também na área emocional. Por isso, é conveniente que os adultos expliquem que todo mundo se sente triste em algum momento na vida. Que é normal e que o papai, a mamãe, a avó ou o tio se sentem assim algumas vezes. Também devem explicar que é uma emoção que passa quando conseguimos entendê-la, enfrentá-la e aceitá-la.
Através das fotografias de rostos, desenhos ou simplesmente conversando com eles sobre a tristeza, pode-se fortalecer a sua capacidade de reconhecê-la. Uma vez que saibam identificá-la, podemos ensinar-lhes a enfrentá-la através de exemplos que nós mesmos podemos encenar.
O papel das pessoas ao seu redor é fundamental para que ela compreenda que não deve ter medo de ficar triste, nem de reconhecer que se sente assim. A tristeza nas crianças não deve ser ignorada.
Fonte: A Mente é Maravilhosa