As crianças, até começarem a frequentar instituições escolares, geralmente têm um convívio muito limitado com outra. Principalmente se compararmos com o que acontecia há décadas atrás, pois a queda da taxa de natalidade diminuiu o número de irmãos e primos. E é exatamente isso que reforça o papel e a importância da escola como um espaço para a criança aprender a socializar, através da convivência e da interação social. Mas como se dá o encontro da criança com o mundo para além do que lhe foi apresentado em casa e qual o papel da escola nesse processo?
Antes de tudo, é bom destacar que as crianças têm modos próprios, válidos e interessantes de se relacionar entre si e perceber a beleza dos momentos de interação entre elas.
Antigamente acreditava-se que a socialização era “vertical”, do adulto para a criança. Depois vieram estudos realizados nos últimos 50 anos que mostraram que esse processo se dá principalmente entre as crianças.
Hoje, a própria estrutura educacional brasileira já valoriza ações que envolvam o contato e a interação entre pares. A nona e a décima competências gerais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tratam, respectivamente, sobre Empatia e cooperação e Responsabilidade e cidadania.
Nossa sociedade valoriza muito o modo de interação adulto-criança. Mas por mais conhecimento que o adulto tenha, há coisas que só uma criança vai saber ensinar para outra.
De acordo com o estudo “Funções Executivas e Desenvolvimento da Primeira Infância”, produzido pelo grupo de especialistas que compõe o Núcleo Ciência pela Infância, iniciativa que traduz o conhecimento científico sobre o tema de forma acessível, crianças com um desenvolvimento integral saudável nos primeiros anos de vida têm maior facilidade de se adaptarem a ambientes e de adquirirem novos conhecimentos, o que contribui para obter um bom desempenho ao longo da trajetória escolar. As evidências científicas também apontam que a aprendizagem começa muito antes da criança entrar na escola, já que ela observa e interage com mundo. Ela é influenciada por diferentes contextos e também acontece por meio das interações, que englobam não apenas o ponto de vista intelectual, mas também afetivo, social e físico.
Se por um lado as descobertas sobre desenvolvimento na infância indicam o impacto dessa etapa ao longo da vida, a própria concepção da criança como um sujeito de direitos também reforça a importância da educação infantil para que ela tenha condições de construir significados sobre si e o mundo.
Fonte: Nova Escola e Porvir