O período de isolamento que estamos vivendo ocasionou uma série de mudanças na rotina das pessoas. Se não está sendo fácil para os adultos lidar com a quarentena, imagina para as crianças. Ficar em casa nesse momento é importante, mas esse longo período dentro de casa, com as mesmas pessoas, pode resultar em birras frequentes entre os pequenos, já que eles acabam ficando tensos emocionalmente ao longo desses dias.
Não existe uma fórmula mágica para resolver isso, já que não é nada pessoal, nem contra os pais. A criança apenas não está sabendo lidar com tantas mudanças na vida dela. Mesmo assim, há algumas técnicas para lidar com a situação da melhor forma e reduzir esses momentos de choro e gritaria sem fim.
A psicóloga Viviane Marques, educadora parental e fundadora do Psicologia com Empatia, destaca três dicas para prevenir esse comportamento durante a quarentena:
Tenha uma rotina: “Isso ajuda muito a criança, pois ela tem previsibilidade do que acontecerá em seu dia e não será pega de surpresa quando quiser fazer alguma coisa e for hora de fazer outra. É uma maneira de mostrar que não são férias. Criem juntos uma rotina de acordo com o que a família precisa nesse momento”.
Cumpra com os combinados: “Se a criança gosta de ver TV num determinado horário do dia, por exemplo, combine quantos episódios da sua série ela assistirá e vá avisando com um pouco de antecedência antes que chegue efetivamente no final. Assim ela saberá que já está chegando no fim e curtirá se despedindo daquela atividade. Isso vale para quase todas as tarefas”.
Separe um tempo para se dedicar integralmente ao seu filho: “Isso significa que o tempo que você determinar possível na rotina de vocês, você estará lá sem celular, sem computador, sem televisão e sem tarefas da casa. Pode ser um tempo pequeno por dia, você avaliará isso, mas se conecte integralmente com ele e também vá comunicando aos poucos antes desse momento acabar. Prepare uma próxima atividade que a criança possa fazer sozinha apenas com a sua supervisão”.
Nesse momento, a previsibilidade e o afeto serão suas melhores amigas para acalmar as crianças. Mas lembre-se, estar calmo é a melhor (e única) forma de acalmar o seu filho. A irritação só será mais combustível para esse comportamento.
O diálogo também faz toda a diferença, mas precisa ser feito quando a criança já está mais calma para funcionar. Criar um espaço na casa chamado Cantinho da Calma, combinado e decorado anteriormente com a criança também é uma ótima pedida. "Tenham um sinal entre vocês e quando as coisas estiverem chegando em um nível intenso, a criança vai sozinha para esse cantinho e se acalma. Lá podem ter ursinhos, potes da calma, gibis, lápis de cor ou qualquer coisa que ela queira colocar. Quando se sentir preparada, ela voltará, te avisará que está tudo bem e vocês poderão conversar sobre isso”, sugere.
Lá pelo 1 ano e meio de idade a fase da birra tende a começar. É inevitável e não será fácil. Para que a criança se desenvolva e seja capaz de negociar as suas próprias vontades, sem manipular ou fazer chantagem, é preciso ser firme. E você vai fazer isso pelo mesmo motivo que fica com o coração doído: porque você o ama. Se você fica em dúvida de pegar o filho com menos de 1 ano no colo quando ele chora, não tenha. Pegue, acolha, abrace. É disso que ele precisa. O que chamamos de birra nada mais é do que a criança aprendendo a se posicionar diante das negações dos adultos. Não existe desenvolvimento saudável sem birra.
Fonte: Pais & Filhos