Lidar com os sentimentos não é uma tarefa fácil, mas faz parte da vida. Desde cedo, é possível estimular as crianças a olhar o outro de uma forma diferente. Há quem se pergunte como incentivar isso. Muitos não percebem, mas está dentro de casa a solução para alguns conflitos dos pequenos: o animal de estimação, aquele ser que foi acolhido com todo carinho pela família. E por falar em animais, você sabia que no mês de março celebramos o Dia Nacional dos Animais no Brasil, comemorado em 14 de março? Só quem tem um animalzinho em casa sabe o quanto eles fazem bem para os nossos filhos, que tem a honra de conviver diariamente com o seu pet.
Pois bem, muita gente não se dá conta, mas é com um cão, um gato, um passarinho, um hamster ou um outro mascote inusitado que as crianças podem compreender o ciclo da vida: a gestação, o nascimento, os primeiros passos, a doença e também a morte.
Com um tempo de sobrevivência menor do que o do ser humano, os animais são fonte de aprendizado para as crianças e despertam nelas a responsabilidade, a sensibilidade e o respeito. É com essa relação que podem surgir nas crianças sentimentos como a frustração, a alegria e também a autonomia.
Essa relação com o pet vai permitir uma compreensão melhor do mundo. Com os animais, a criança consegue exercer um papel diferente. Ela se torna cuidadora, responsável. Vai expressar talentos que muitas vezes na família não é possível porque, nesse caso, é ela quem precisa de cuidado.
Autoestima
Para a autoestima delas isso é muito importante, elas se sentem importantes. Quando solicitamos algo pra ela, como colocar água no potinho, a criança vai fazer isso com seriedade.
A intimidade e o elo que se forma entre uma criança e o animal de estimação, às vezes, faz milagres. Reduzir ansiedade, trabalhar a autoconfiança, senso de responsabilidade, de afetividade. A Veterinária e doutora em Psicologia, Ceres Berger Faraco, destaca que os animais em casa ajudam os pequenos a desenvolver habilidades sociais. Implicam no reconhecimento do sentimento do outro. Os animais têm uma resposta clara para isso. "Se eu sou hostil ou ameaçador, ele foge. Se eu sou delicado e carinhoso, ele se aproxima. O animal não disfarça, o que faz com que a criança tenha uma noção mais clara das consequências de seus atos. Desenvolve a empatia de entender o que o outro sente. Violência, agressão e egoísmo nascem dessa incapacidade de reconhecer que o que eu faço é ruim para a outra pessoa" destaca a veterinária.
Mais bichinhos, menos ansiedade
Pesquisas comprovam que o elo que se forma entre crianças e animais ajuda a reduzir a ansiedade. De acordo com alguns estudos, crianças que estão passando por momentos difíceis na família, como o divórcio dos pais, enfrentam o problema de uma forma menos traumatizante quando têm um mascote em casa.
Em contato com a vida animal, ela começa a perceber diferenças. Desenvolve a sociabilidade e o lado emocional. "Isso mexe com o imaginário dela porque começa a entrar em contato com a diversidade, com as diferenças. Ela vai aprender com quem pode se relacionar. Com o cachorro, sim, com a galinha, não. Ela vai entrando dentro desse ciclo mágico da vida" observa o pediatra Sérgio Crestana.
O pediatra explica que há mitos sobre a relação das crianças com os animais que devem ser derrubados. O exemplo clássico é o da criança asmática, que não estaria apta para brincar com gatos. "Estudos mostram que crianças quando entram em contato com pelos desenvolvem resistências que vão inclusive protegê-las de alergias no futuro. Algumas acabam desenvolvendo alergias porque não tiveram esse contato precoce", afirma o médico.
É claro que é necessário dar à criança as responsabilidades conforme a sua idade, e sempre sob a supervisão de um adulto. As tarefas devem ser vistas com prazer, e não como compromisso. Um animal não pode ser dado por impulso, é necessário um planejamento e comprometimento de toda a família à essa responsabilidade.
Crianças pequenas não podem assumir tamanha responsabilidade. A partir dos 10 anos, elas já estão mais aptas a cuidar de um animal. Antes disso, a tarefa deve ser dos pais, passando aos pequenos apenas algumas pequenas tarefas, sempre supervisionadas por um adulto.
Além de responsabilidade, autoestima e confiança, o contato com animais também desenvolve habilidades motoras e de fala das crianças. A presença do animal traz o universo de outra pessoa para dentro de casa, seja colocando a ração no potinho, dando banho ou segurando a coleira. Faz a criança compartilhar sensações e desenvolver hábitos saudáveis.
A experiência de poder ver um animal de perto é um aprendizado que os especialistas chamam de educação humanitária. Faz com que as crianças tenham uma preocupação com as outras formas de vida como um todo.
Fonte: Gaúcha/ZH