O vínculo entre o educador e a criança na Educação Infantil é algo que se constrói por meio dos cuidados diários e é muito importante esse laço de afeto. Por meio da construção de uma relação afetiva acolhedora, a criança se sente segura e disponível para as atividades desenvolvidas, e assim passa a desenvolver as suas possibilidades.
Na medida que a criança vai crescendo, ela vai ampliando o forte apego dos primeiros anos de vida aos pais para outras pessoas, e esse apego passa a ter o nome de vínculo. Dessa forma, na escola a criança passa a ter um vínculo com o seu professor. Normalmente, o vínculo primeiramente acontece com o educador e só depois com os outros colegas da turma. Esse vínculo é importante para que a criança se sinta segura, valorizada e acolhida no ambiente escolar.
"O vínculo, na maioria das vezes, acontece de forma tão simples quanto um bom dia". Dessa forma, a pedagoga da Estação Criança, Michelle Medeiros, descreve esse afeto que vai se formando entre o professor e o aluno. "Ao ingressar na escola, na ausência de uma figura referência, a criança precisa sentir a confiança, de quem, pelo entendimento dela, passa a ter o 'controle da situação'. E a partir daí o vinculo se cria. E os laços de afetividade tornam-se apenas uma troca de sentimentos: tu me dá segurança e eu te dou carinho", detalha Michelle.
Por meio da construção de uma relação afetiva acolhedora, a criança se sente segura e disponível para as atividades desenvolvidas, consequente, desenvolvendo as suas possibilidades.
Uma das funções do vínculo é exatamente dar a sensação de proteção e conforto para a criança, cujo primeiro impulso é transferir para o professor a relação de segurança que teria com a família. Nesse momento, o educador é o mediador afetivo da criança nesse espaço escolar, e quem facilita sua adaptação. "E essa troca, às vezes, acaba sendo tão profunda, que gera certo misto de insegurança nos pais. Certas vezes, o nível de confiabilidade aumenta tanto, que há confidências que acabam sendo feitas para o professor, ao invés da família. E nada disso é imposto. São trocas simultâneas de carinho e afeição de um pelo outro", destaca a pedagoga.
O primeiro papel do vínculo é favorecer a adaptação da criança na escola, mas não se encerra por aí. Um segundo aspecto é a mediação com o conhecimento. É na escola que a criança vai ampliar seus horizontes e obter novos aprendizados. A escola é um mundo muito novo e distante da realidade vivida pela criança até ali. Neste novo ambiente há novas regras, horários, espaços e modos de funcionamento, assim como estímulos diversos, de socialização, habilidades motoras, artísticos e contato com a língua. Dessa forma, o educador viabiliza a entrada da criança neste novo universo do conhecimento.
Se há no espaço escolar todo um mundo a descobrir, a criança precisa do vínculo para sentir que o espaço é afetivo e lidar bem com os novos desafios. "Ao mesmo tempo que a criança precisa desse vínculo, o professor também torna-se dependente deste amor tão bonito. São momentos de troca, carinho e aprendizado de ambos os lados. E só quem convive neste meio, pode entender o quão significativo é essa troca", complementa Michelle.
Com informações da Revista Educação